quinta-feira, 13 de outubro de 2011

O QUE É O ZEN


Um peixe foi até a Rainha dos peixes e perguntou : - Eu sempre ouvi falar do mar, mas o que é o mar ? Onde está ele?

A Rainha respondeu : - Você mora, move-se e tem seu ser no mar. O mar está dentro e fora de você; você é feito de mar, você veio do mar e no mar terá seu fim.


O que é o ZEN?
O que é o UNIVERSO?
Na realidade, o que sou EU?
Que é a VIDA? O que é a MORTE?

Assim explicou DOGEN ZENJI, Mestre Zen do Século XIII:

"ESTUDAR o Budismo é estudar a si próprio; ESTUDAR a si próprio é esquecer a si próprio; ESQUECER a si próprio é estar identificado com todas as coisas;
ESTAR identificado com todas as coisas é tornar-se a própria VERDADE."


Considere as vidas dos pássaros e dos peixes. O peixe nunca se cansa da água; mas você não sabe a verdadeira mente de um peixe, pois você não é peixe. Os pássaros nunca se cansam dos bosques, mas você não conhece seu espírito real, pois você não é um pássaro. É o mesmo com a vida poética ou religiosa : se você não a vive, você não sabe nada sobre ela.

“O cisne novo encontra a água, mas o homem nasce na ignorância de seu elemento”

Mestre Dogen (1200-1253), fundador da Escola Soto Zen no Japão, expressa isso mais poeticamente :

“O pássaro aquático voa aqui e ali, sem deixar rastro, ainda que seu caminho ele nunca esqueça

Zen, embora longe de indefinido, é por definição indefinível, porque é o princípio ativo da própria vida. O sol passa através das poluições e se mantém tão puro quanto antes, assim o Zen passa através de nossas definições e permanece Zen como antes. Como nós pensamos, ele parece obscuro, mas "obscuro com luz excessiva". É como Alice no País das Maravilhas, o mais que nós corremos atrás, mais nos afastamos dele. Ainda que leiamos livros e mais livros, esperando encontrar em alguma página, em uma sentença, a chave de uma porta é apenas uma alucinação. O Zen diz: Caminhe ! Não se importe com a chave, a fechadura ou a barreira da porta. Apenas caminhe!

“Seu nome é Agora . . .sua essência é Tudo”

A diferença entre Zen na vida quotidiana e Zen na Arte, é que Arte é como uma fotografia (a música é como um filme), que pode ser olhada quando nós desejamos. Ou podemos dizer como Goethe que chamou arquitetura de música cristalizada, arte é Zen cristalizado.

A verdade está em toda parte, mas é mais aparente na ciência. A beleza está na lata de lixo e no açougue, mas é mais visível na lua e nas flores.

"No caminho da montanha, o perfume das flores silvestres, - e, súbito, o sol nasce!”

Zen é uma questão de coragem, mas Zen não é coragem. Um ladrão correndo feito doido de um cão feroz pode ser um esplêndido exemplo de Zen. Ele atinge por um momento a " mente de Buda, na qual todas as contradições e perturbações causadas pelo intelecto são inteiramente harmonizadas em uma unidade de ordem superior ". Isto requer, naturalmente que seu trabalho naquele momento seja completamente afim com sua natureza própria, isto é, que seja como um peixe nadando ou o vôo de um pássaro. Rafael não era mais que um pincel, Michael Angelo nada mais que um cinzel. Não há maior prazer na vida ordinária que ver alguém realmente absorvido em seu trabalho, sem qualquer pensamento de seu valor relativo ou absoluto.

Esta perfeição, que nós vemos sempre nas coisas inanimadas, usualmente nos animais, tão rara nos seres humanos, é o que Cristo nos urge atingir:

“Sejam perfeitos, assim como vosso Pai que está no céu é perfeito"


(R.H.Blyth – excertos de Zen in English Literature and Oriental Classics)

Um comentário:

  1. Oi amigo Anibal!
    Sim... agora fico mais certa do que é ser Zen...
    Gostei do texto.
    Abraço
    Claudinha

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